15 janeiro 2011

Caminho sombrio

Já não existem metáforas ou comparações, ou até mesmo, perífrases que decifrem o enigma do meu coração. A dor dos símbolos carismáticos da antiguidades está presente em cada artéria do meu ser. Todo o seu objecto tem uma duração limitada e um fim condicionado. Os tempos mudam e as vontades também acompanham essa mudança, tal como diria o nosso grandioso poeta - Luís Vaz de Camões - que caracteriza com uma grande metáfora aquilo que é o amor - "amor é fogo que arde sem se ver". Esta invisibilidade mata-me: não consigo encontrar as definições concretas da maior força do mundo, da essência da vida humana. A quilometragem do meu coração, única capacidade estruturante capaz de encontrar a definição deste "sentimento", já não é propriamente inicial. A vida já me reservou imensas armadilhas, imensos buracos, como aqueles que os Espanhóis caíram, nas teias assassinas que o nosso grandioso, Nuno Alvares Pereira, deitou na Batalha de Aljubarrota, quando estes tentavam invadir Portugal no século XIV. Assim estou, encostado à berma, sozinho e abandonado, à margem de um vento fraco e um céu escuro e duro e frio. Assim estou, sem ninguém, nem à espera de ninguém. Quero estar assim, melancólico, sonhando, porque ainda não se paga imposto para sonhar, a não ser que no próximo Orçamento de Estado, já exista um imposto para taxar um Sonhador.

Sérgio Miguel, 15 de Janeiro de 2011

1 comentário:

As Duas Faces da Lua disse...

Passei neste blog a muito tempo e achei que escrevi as bem, mas não sei porque nunca mais voltei. Arrependi-me, porque os teus textos continuam a ser bons e as tuas palavras continuam a soar a verdade. Escreves com todo o teu coração, não apenas por escrever. Os teus textos são a descrição do teu verdadeiro eu, daquilo que tu realmente pensas e sentes. E acho que é isso que me faz gostar tanto dos teus textos.
Prometo voltar mais vezes!
Um abraço

Cansaço

Cansaço
O puro olhar do limite :')